Outro artigo da Revista Brasileira de Medicina do Esporte, este de 2005, alguns pesquisadores têm procurado responder a esta questão apoiando-se basicamente em três hipóteses:

⦁ Primeira hipótese- termorregulatória: esta hipótese afirma que o aumento da temperatura corporal, como consequência do exercício físico, facilitaria o disparo do início do sono, graças à ativação dos mecanismos de dissipação do calor e de indução do sono, processos estes controlados pelo hipotálamo, através da liberação da melatonina.
⦁ Segunda hipótese– a conservação de energia: descreve que o aumento do gasto energético promovido pelo exercício durante a vigília aumentaria a necessidade de sono a fim de alcançar um balanço energético positivo, restabelecendo uma condição adequada para um novo ciclo de vigília.
⦁ Terceira hipótese- restauradora ou compensatória: da mesma forma que a hipótese anterior, relata que a alta atividade catabólica durante a vigília reduz as reservas energéticas, aumentando a necessidade de sono, favorecendo a atividade anabólica.

A revista afirma, ainda, que o sono de pessoas ativas é melhor que o de pessoas inativas, com a hipótese de que um sono melhorado proporciona menos cansaço durante o dia seguinte e mais disposição para a prática de atividade física. E mais, que o exercício físico melhora o sono da população em geral, principalmente de indivíduos sedentários, ou seja, o padrão do sono profundo, estágios três e quatro da classificação, pode ser alterado dependendo da intensidade e da duração do exercício e da temperatura corporal.

Acredita-se que, principalmente o quarto estágio é extremamente importante para a reparação fisiológica e de energia. A alteração positiva nesse estágio de sono ocorre em função do aumento do gasto energético provocado pelo exercício durante a vigília, o que propicia um sono mais profundo e restaurador fisicamente.
Porém, vale o alerta: verificou-se em alguns estudos que o exercício em excesso pode aumentar a latência de sono REM e/ou diminuir o tempo desse estágio de sono, o que retrataria um índice de estresse induzido pelo exercício.

Concluindo, em relação ao tempo total de sono, admite-se que exercícios agudos, trazem aumento do episódio total de sono, assim como no exercício físico crônico, indivíduos treinados apresentam maior tempo de sono em comparação com indivíduos sedentários, mesmo sem treinarem, reafirmando a necessidade destes de mais sono para restabelecer a homeostase perturbada pelo exercício físico.

Portanto, o exercício físico na dose certa, assistido por profissional capacitado, associado a um sono de boa qualidade são fundamentais para a boa qualidade de vida e para a recuperação física e mental do ser humano.

E aí, tem dormido bem?

 

Escrito por: Diego A. Klemtz, profissional de Educação Física e especialista em Fisiologia do Exercício. CREF – 027.606-GPR, com base nas fontes abaixo:
Albertini, L., Sono: História e Plasticidade. Disponível em: <http://www.neurofisiologia.unifesp.br/ sono.htm#topo>. Acesso em 23 de Out. de 2017.
Martins, P.J.F., et al, Exercício e sono. Rev. Bras. Med. Esporte, Vol. 7, Nº 1 – Jan/Fev, 2001.
Mello, M.T. de, et al, O exercício físico e os aspectos psicobiológicos. Rev. Bras. Med. Esporte, Vol. 11, Nº 3 – Mai/Jun. 2005.

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